quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A TRANSFORMAÇÃO DE ANNA NOBILI


Anna Nobili é uma jovem ainda. Aos 38 anos, ensina "dança sacra", como ela própria a denomina, a jovens da sua diocese de Palestrina, uma cidadezinha a cerca de 35 Km de Roma.

Entrou para a Congregação das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazareth e fez os votos no final do ano passado.
Nada de mais , não tivesse ela sido, durante vinte anos, uma rapariga de clubes de stripdançando no varão e vendendo arte e corpo. "Antes, dançava sobre cubos e fazia lap dance para homens que queriam apenas o meu corpo, estava a desperdiçar a vida em boates transgressivas, fazendo sexo sem amor, que procurava como uma droga", afirmou em entrevista recente ao jornal La Repubblica .

Na mesma entrevista, a religiosa compara a sua história à de muitas outras moças. Diz que teve uma infância violenta e sem amor. Seus pais divorciaram-se quando era pequena e, aos 13 anos, foi viver sozinha para Milão.

"Procurei a felicidade nas luzes do palco e da noite. Os homens gostavam de mim. Descobri a dança, e isso foi um meio para fazer conquistas", afirmou.

"La suora" conta que teve uma espécie de iluminação, depois de tentar mudar de vida várias vezes, inclusive por meio do budismo.

"Fiz uma intimação a Deus: se Tu estás aqui, deves dizê-lo pessoalmente, sem intermediários", contou ela, afirmando também que a sua conversão ocorreu ao visitar a Basílica de São Francisco e Santa Clara, em Assisi. Diante da basílica, a irmã Anna surpreendeu-se com as cores do céu, sentiu a presença de Deus e começou a dançar diante das pessoas.

De volta a Milão, no combóio, olhou-se no espelho das casas-de-banho e não se reconheceu.

Conta que ainda dançou como profissional de boîte mais uma noite e, depois, desistiu.

A antiga Anna Nobili

Aos poucos, fez as pazes com o pai e começou toda uma vida nova, num "processo de purificação".
Entrou para Congregação e o bispo de Palestrina ofereceu-lhe um espaço no convento para que ela pudesse ensinar passos de dança aos jovens da diocese.
A Irmã Anna define o tipo de dança que faz e ensina agora como "holy dance" (ou dança sacra). "Agora, danço para Deus, e os meus passos e as coreografias são-lhe dedicadas".

Com o seu grupo de alunos, que se chama "Grupo de dança litúrgica Holy Dance", apresentou-se em uma das principais basílicas de Roma, a Santa Cruz em Jerusalém, perante alguns convidados do topo da hierarquia da Igreja, como o arcebispo Gianfranco Ravasi, responsável doDepartamento Cultural do Vaticano.

Segundo a tradição, nesta igreja, uma das mais antigas de Roma, estão guardadas relíquias da cruz onde Jesus Cristo morreu.

O grupo dançou diante de bispos e cardeais uma "coreografia mística", cujo titulo é "Jesus, luz do mundo", inspirada no evangelho segundo São João.

O caminho da conversão ao catolicismo e a decisão de se tornar freira não foram fáceis, segundo a religiosa. "Foi um caminho longo e sofrido", disse a irmã Anna.

Curiosa, esta história de uma mulher que, continuando a fazer da dança a sua paixão e actividade principal, se colocou agora ao serviço daquilo em que acredita.

Hoje,  em lugar de um homem, dança em volta de uma cruz de Cristo!

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