Achei importante compartilhar esse testemunho com vocês, de uma pessoa muito especial pra nós, alguém que nunca vai deixar de ser Face e com quem aprendemos muito. Hoje ela não está dançando conosco, mas continua presente em nossos corações. Nós te amamos Rita. Olá! Meu nome é Rita de Cássia Alencar. Tenho vinte e nove anos, sou católica, casada há sete anos com o André e mãe de dois filhos, o Gabriel de 10 anos e o João Pedro de 4 anos. Graças a Deus, amo dançar e descobri que posso usar a dança não só pra me realizar como pessoa mas como um instrumento de adoração ao meu Deus e como forma de evangelizar os outros, ou seja, de levar as pessoas a ter uma experiência viva com o amor de Deus.
Há mais ou menos dois anos recebi do Senhor, a graça de conhecer o Ministério Face e, desde então, Deus tem me revelado que a dança dentro da Igreja é um mover do próprio Espírito Santo, que nos permite adorar nosso Deus com nosso corpo, nossa alma e com todo o nosso ser, como nos ensina o primeiro mandamento da Lei de Deus, e adorar nosso Deus em espírito e em verdade (João 4,23).
A minha veia artística nasceu comigo, acredito que só pode ser um dom de Deus. Lembro-me quando minha vovó materna, D. Ana Safira, queria fazer um teatrinho das pastorinhas, do qual ela participava na terra dela (Pirenópolis) quando pequena. Ela falava pra todo mundo mas ninguém dava atenção, então ficávamos nós duas fazendo os passinhos (E olha que minha querida vovó só tinha dez por cento de visão e também não ouvia muito bem!). Outra coisa que me deixou grandes lembranças foi a maneira que aprendi a dançar bolero e forró com meu pai. Aos cinco anos, subia em seus pés, e em pouco tempo já tinha pegado os ritmos e dançava com ele em todas as festas que a gente ia.
O meu grande sonho era fazer aula de dança. Sonho que só realizei aos onze anos, quando fui estudar no Colégio Santa Clara. Nunca me esqueci, do dia que disseram que eu podia escolher entre fazer esportes ou dançar, não pensei duas vezes. Porém minha grande emoção foi entrar pela primeira vez na sala de dança do colégio e ver os espelhos e a professora que ia me dar aula. Imaginem minha empolgação quando ganhei minha primeira roupa de dança (o maiô, a sainha, a meia calça sem pé e a sapatilha)! Daí em diante me sentia realizada, dançava nas apresentações da escola, fazia as aulas que sempre sonhei. Aos quatorze anos tive a oportunidade de fazer ballet também, no Centro Cultural Gustavo Ritter, depois fui estudar na Escola Técnica Federal de Goiás onde tive a chance de fazer um pouquinho de Dança Contemporânea.
Mas como nem tudo são rosas, tive meus problemas familiares e de adolescência. Meus hormônios estavam a flor da pele e isso influenciava muito o meu dançar. Comecei a me interessar por festas e namorados que não estavam nenhum pouco interessados em minha arte, mas desejavam mesmo era o meu corpo. A dança me tornava popular, admirada. Onde eu dançava sempre se abria uma rodinha pra me verem dançar, e eu nunca saia de uma festa sem um pretendente ou alguém que quisesse me conhecer. Só que eu não percebia que isso não me ajudava em nada como pessoa e além do mais, destruia a minha arte. Por outro lado, a dança me protegeu de entrar em contato com drogas e bebidas alcoólicas, pois eu me envolvia tanto em dançar que não queria saber de mais nada, a não ser namorar um pouquinho no final das festas. Isso seria vergonhoso de dizer, se Deus não tivesse mudado meu modo de pensar e agir.
Hoje sou uma mulher, sou muito bem casada, tenho a graça de ser mãe e estou apredendo a cada dia a ver a dança de uma maneira pura, sem as manchas que o mundo tem oferecido pra fazer da arte algo profano, que nos afasta de Deus. Eu entendi que eu não preciso ficar sem dançar, mas eu posso fazer do meu dançar uma grande entrega a Deus, um momento de exaltar e adorar um Deus que me ama como sou, frágil, humana, no entanto, alguém com um grande desejo de acertar e fazer tudo para a honra e glória do Senhor.
Durante esses dois anos de convivência com o Ministério Face, vivemos inúmeras experiências de cura, libertação, adoração e conversão. Tenho aprendido que pra Deus não há distinção quanto a idade, desde que exista abertura de coração e força de vontade. Eu já me achei, muitas vezes, incapaz de dançar porque me sentia velha pra estar no meio dos irmãos do ministério e por perceber que as pessoas que estão de fora, geralmente, veêm a dança como uma arte feita apenas para os jovens. A dança exige esforço físico é claro, mas os limites a serem ultrapassados estão muito mais dentro de nós, em nosso pensar, em nosso sentir e em nosso agir. Eu tive que me afastar em vários momentos do ministério por causa do cuidado com a minha família, de enfermidades, do meu emprego e de conflitos dentro do meu coração. Entretanto, diante de tudo isso, percebi que o dom de dançar nunca vai me deixar. É algo muito forte que está selado em mim pela vontade de Deus. E a grandeza dos meus irmãos de ministério em entender todo esse processo foi de fundamental importância para o nosso crescimento espiritual e humano juntos. Mesmo estando há um certo tempo sem dançar, nunca deixei de fazer parte dessa comunidade de irmãos que sonham em resplandecer a face de Cristo através da arte, adorando a Deus com o nosso dançar.
Rita de Cássia Alencar.